terça-feira, 28 de julho de 2009

Momentos Para Sempre.


O cinema é uma arte propiciadora de momentos únicos, daqueles que se recorda quando vamos na rua; quando estamos sentados num banco de jardim; quando damos voltas na cama e esperamos que o sono chegue; quando atravessamos uma longa recta na autoestrada; enfim, sempre que à mente se lhe propicie a evasão, e sempre que à evasão corresponda o intrépido e sempre presente instinto de recordar 'aquela' cena, 'aquela frase' ou 'aquela' sequência. Não importa se são momentos de choque, de terror, de comédia, de suspense, de adrenalina, de espanto, de enternecimento, de repúdio, de revolta ou da mais pura satisfação. Importa sim honrar a memória do cinema e dos momentos que, cinéfila e emocionalmente falando, são inesquecíveis pela arte e pelo génio que encerram.
Vale a pena vasculhar o baú, vale a pena perder tempo a perscrutar onde foi que o cinema atingiu o auge da criatividade e da beleza. Faz bem saborear, mesmo estranhando à primeira, o que de melhor trazem os filmes: seja o "Heeeere's Johnny" de Nicholson, o "I love the smell of napalm in the morning", o (primeiro) "Bond, James Bond", ou o tiroteiro na escadaria de Odessa do fabuloso Couraçado Potemkin. Não importam os momentos. O mais importante mesmo é recordar e, com isso, aprender.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Vitória 09/10.


A propósito da apresentação dos novos equipamentos do Vitória, é sempre curioso saber o que deles pensam os estrangeiros visitantes deste site. As reacções não são más no geral, sendo que a maior parte parece gostar da indumentária vitoriana para a época futebolística que se avizinha.
Curioso também é o facto de alguém se mostrar surpreendido por Matthew McConaughey (ou por outras palavras, Jorge Gonçalves) jogar no Vitória. Engraçado.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Efeito Borboleta - Aventura na Quinta.


AVENTURA NA QUINTA 2009 Sábado 25 Julho@Quinta Creixomil, Guimarães
Temperaturas a subir, dias de sol, noites abrasivas.... Corpos a pedir agitação, frescura e aventura. Nada melhor que uma festa divertida... um cenário natural, onde convívio, conforto e cor se fundem com música de vanguarda. Uma festa sem estilo definido, salpicada pelos sons calmos e dançáveis do house, mergulhos nas texturas submersas do minimal, o calor abrasivo do electro, a explosão rítmica do drum n..bass... tudo misturado num cocktail multicolorido e intenso, capaz de libertar até as almas mais tímidas...Bem-vindos à Quinta!!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Incongruências.

Não existe, neste país, uma consciência crítica bem definida acerca da política externa portuguesa, ao contrário do que acontece em países como os EUA, o Reino Unido e até mesmo o Brasil.
Veja-se o caso do apoio directo estrangeiro atribuído pelo Estado português: mais de 50% do apoio directo é concedido a Angola, um dos países mais ricos de África e de longe o mais rico de todos os PALOP. Acontece que Angola é também um dos países com pior desempenho em termos de governance do mundo. Angola só recentemente melhorou um pouco a sua posição no ranking da Transparency.org, e está actualmente na 158ª posição, mesmo assim bem atrás de Moçambique.
Entre 2003 e 2005, Angola recebeu quase 60% do apoio dado por Portugal, enquanto Moçambique, citado apenas como exemplo, que tem mais população e melhores indicadores internacionais, recebeu apenas 5% do total dessa mesma ajuda.
Falta massa crítica para pensar a nossa política externa, faltam plataformas para a sua discussão, falta que a sociedade civil no geral ganhe consciência do rumo e das prioridades que ela assume.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

BPN e Afins.

Os sucessivos casos que nos últimos tempos têm feito correr tinta na imprensa nacional espelham o modo como num país como Portugal a observância de princípios como a igualdade, legalidade, moralidade e justiça estão ainda muito aquém do desejado. Aquilo que parecem palavras ocas, porventura já gastas de tanto nelas se insistir, são hoje mais do que nunca necessárias. Não importa se tal pareça repetitivo, ou até mesmo démodé. Clamar por justiça, por transparência nos actos públicos; seja na administração pública, na banca, nas empresas, é a mesmo coisa que defender a democracia, que defender o poder de todos nós. Sim, esse mesmo, o poder de quem elege.
Vêm estas palavras a propósito do texto de opinião que Mário Crespo escreve hoje no JN, e na qual é peremptório em apontar o dedo a quem teve (e que infelizmente continua a ter) responsabilidades no meio da calamidade que foi o escândalo BPN, mais um no sem-número de casos inacreditáveis que têm vindo à tona, demonstrando a imundície que vai no seio da alta finança em Portugal. Assertivo e recto no que escreve, faço minhas as palavras de MC. Há muito que não lia algo tão escorreito.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Death of a President (2006).


Morte de um Presidente, mockumentary (logo não é Michael Moore) que chocou meia América em finais de 2006, mas que só estreou em Portugal em 2008, mostra o cenário hipotético do assassinato do à data Presidente dos EUA, George W. Bush.
Cenários hipotéticos não são novos em cinema nem nas artes em geral, mas quando a figura central é o presidente dos EUA, os ecos da ideia são redobradamente repercutidos. Morte de um Presidente parece não ter um objectivo concreto e, mesmo do alto do seu despretensiosismo, parece não levar o espectador a nada mais do que a hora e meia de interrogações, que variarão muito consoante a opinião de cada um tenho do hipoteticamente assassinado Presidente.
No seguimento do assassinato no Sheraton de Chicago, o vice Dick Cheney sucede a Bush perante uma América em choque e altamente envolvida na caça ao responsável pelo acto. O que inicialmente parecia estar ligado aos exaltados manifestantes que durante todo o dia e noite mostraram a sua raiva contra a figura de Bush, cedo resvala para Jamal Abu Zikri, um sírio que estivera no Paquistão e que alegadamente recebera treino nos campos da Al-Qaeda no Afeganistão. Após a sua condenação, fortemente influenciada por motivos políticos, dá-se a descoberta do verdadeiro responsável por alvejar mortalmente Bush, um afro-americano veterano da guerra do Golfo, que via a segunda guerra do Iraque como injusta e procurava vingar os danos que a sua família sofrera por causa dela.
Morte de Presidente é um filme parco em ideias, e tremendamente previsível. Aquilo que lhe está subjacente - o preconceito contra os muçulmanos depois do 11 de Setembro - poderia ter sido mostrado de muitas outras formas, qualquer delas provavelmente de uma maneira muito melhor do que através de um mero cenário hipotético, que não leva a muito mais do que a sorrisos maliciosos por parte dos (muitos) opositores e detractores de Bush.
O que seria porventura um exercício arrojado e ambicioso, acaba por redundar num vazio imenso e em algo frágil que não diz muito nem a quem não gosta(va) de Bush nem a quem o apoia(va), já que uns provavelmente não se reverão nas atitudes selváticas dos manifestantes, ao passo que os segundos sentir-se-ão tremendamente ofendidos, como aliás se verificou.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Das Verdadeiras Divisões na UE.


O rumo da UE é, já se sabe, fruto do consenso interestadual e da intersecção de interesses dispersos e não raras vezes sensíveis. A posição dos Estados-membros sobre determinada questão é, não pode deixar de ser, o reflexo de um poder independente e internacionalmente reconhecido, ao qual se dá o nome de soberania. Contudo, o enunciado intergovernamental não chega para explicar a génese e a direcção do processo de integração. A UE não é, hoje em dia, um mero agrupamento de Estados nacionais soberanos. A soberania é, nas relações internacionais contemporâneas, um conceito poroso e bastante mais diluído do que o engendrado por Bodin no longínquo século XVI. Mas o que define realmente o rumo da integração europeia, se o enunciado supranacional também apresenta limitações, desde logo pela dificuldade em justificar, por exemplo, a existência de um segundo pilar?
A explicação pode residir nas divisões históricas que têm como protagonistas os mais poderosos Estados europeus, a França e o Reino Unido.
A primeira tem a ver com uma divisão de natureza económica, entre o ‘laissez-faire’ britânico e o dirigismo francês; divisão esta que, historicamente, espelha o desencontro entre uma visão liberal da economia, aberta ao exterior e baseada nos privados; e uma visão estatocêntrica, baseada na percepção de que a Europa deve estar o mais protegida possível face à concorrência exterior, e que deve ser o sector público o principal promotor do desenvolvimento económico.
A segunda, por seu lado, aparece relacionada com a diferente perspectiva que ambos os países têm (hoje mais esbatida) do processo de formação e de desenvolvimento de uma política externa e de segurança comum. De um lado, a perspectiva eminentemente continentalista de Paris, que lateraliza a OTAN; e uma perspectiva atlanticista encabeçada por Londres, que não anui a uma UE com capacidades autónomas da OTAN, a não ser em cenários onde esta não mantenha a intenção de intervir. A dicotomia franco-britânica relativamente a uma política externa e de segurança está na base da pouca integração europeia nestas áreas (política externa, segurança, e defesa), pelo menos quando levada a termo de comparação com outras onde o processo se encontra num patamar bastante mais dinâmico.
Estas divergências, globalmente consideradas, desembocam numa conclusão sobre a problemática do desequilíbrio do processo de integração, que é de certo modo alternativa à simples (ou simplista) referência ao poder dos Estados e à prevalência do seu interesse nacional. Deste modo, pelas divergências de base entre a França e o Reino Unido se pode depreender que as condicionantes ao processo de integração são extensíveis ao domínio económico e político por via não do desacordo entre todos os Estados da UE, mas pelo desacordo entre dois dos seus membros – tendo ambos tendência para liderar o processo. Como consequência directa deste facto há a destacar a amplamente reconhecida imperfeição do Mercado Interno, bem como as sobejamente conhecidas limitações da UE em ter uma voz política una e assertiva na arena internacional. O Mercado Interno e a política externa são áreas-chave para o sucesso de integração europeia, e é nelas que mais se manifesta o desacordo protagonizado por Paris e Londres, a partir da defesa de princípios de base distintos.
É, pois, nos Estados que servem de veículo transmissor das suas posições que reside o verdadeiro poder de influenciar o processo. Do desequilíbrio de poder entre os Estados-membros resulta um desequilíbrio proporcional no avanço sectorial do processo de integração.
Interessante.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Impasses em Ano Crucial.


Estocolmo assume hoje a Presidência do Conselho da UE. Fá-lo numa altura em que a UE se encontra numa verdadeira encruzilhada institucional, uma espécie de limbo político em que nada se afigura como certo. Incerteza é, neste momento, a palavra que melhor define a hora actual da UE. Até Dezembro, muito ficará decidido. Mas por enquanto o cenário é ainda de incerteza, embora haja assuntos mais incertos do que outros.
Por um lado, há a entrada em funções de um novo Parlamento Europeu, que por si só já acarreta constrangimentos vários, e cuja primeira tarefa será a de se pronunciar sobre o nome do Presidente da Comissão. A Presidência sueca terá de lutar para que isso seja feito já em Julho em vez de no Outono, como é pretendido por alguns.
Por outro lado, a Presidência sueca terá um papel fundamental na continuação dos esforços levados a cabo pela UE com vista à obtenção de um acordo global favorável pós-Kyoto, para o qual a cimeira de Copenhaga em Dezembro poderá desempenhar um papel fundamental. A política ambiental da UE sofreu um revés durante Presidência checa, após o vigor inculcado pela Presidência francesa do último semestre de 2008. A ideia, de reduzir os gases com efeito de estufa no espaço da UE em 20% até 2020, enfraqueceu devido à crise económica e financeira internacional - diga-se, outra das grandes preocupações suecas.
Finalmente, a Presidência terá ainda de contar com a aprovação ainda dúbia do Tratado de Lisboa no referendo irlandês de Outubro que, em caso de rejeição, pode abrir uma nova crise política e institucional no seio dos vinte e sete.
Muito por fazer, muito que esperar. 2009, está confirmado, é definitivamente um ano de transição e de viragem para a UE.