domingo, 13 de dezembro de 2009

Алматы, Казахстан.


Depois de três meses em Oslo, passados mais em trabalho do que em diversão, eis que o regresso a Portugal não se efectuará sem uma viagem ao Cazaquistão. Irei também em trabalho é certo, mas mesmo sabendo de antemão que permanecerei ocupado durante a maior parte dos dias em que lá estarei, não posso deixar de estar ansioso e expectante face a um país tão desconhecido. A incógnita, neste caso, é positiva. Precisamente por não saber ao certo o que esperar de um país nascido a partir da dissolução da URSS, a curiosidade é ainda maior e o entusiasmo também. Almaty, onde me deslocarei, será porventura uma cidade bastante diferente de Astana, a actual capital, decerto mais sovietizada e não tão moderna. Não espero, contudo, que isso seja algo de negativo, pois a tipicidade de Almaty só faz com que seja possível conhecer melhor as idiossincrasias locais. Não sei se será como regressar à URSS, mas assim como mero prognóstico, algo me diz que o Sacha Baron Cohen exagerou um bocadinho. A confirmar.
Estarei, na próxima 3ª feira e durante seis dias, em plena Ásia Central, bem perto da fronteira ocidental da China, num país tão ilustremente desconhecido para o comum dos europeus como os restantes "ãos", seus vizinhos meridionais. O conhecimento teórico do país e a meia-dúzia de estereótipos que tenho na cabeça não são suficientes para amenizar a curiosidade e o exotismo da deslocação. Quando giramos o globo no conforto dos nossos lares, Almaty não será para muitos uma primeira opção de viagem, e para tantos outros nem chega a ser opção nenhuma. Mas a mim, a incógnita faz-me salivar. É para Almaty? Pois sim!

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Obamania (III).


Entre Palestina, mudanças climáticas, bases americanas em Vicenza, Irão e anti-globalização, o menu era farto e era só escolher. As causas eram muitas e variadas, e nada como a visita de um Presidente norte-americano para as acicatar. Chato mesmo seria estar-se em frente à entrada principal do hotel onde ficou instalado o Sr. Obama e não ter nada para protestar.
Urgentemente precisado de uma causa, eis que ela miraculosamente vem ter comigo. Depois de vários minutos de heróica dedicação, passados em solitária deambulação por entre uma moldura humana subitamente interessada na minha pessoa, talvez o Dalai Lama um dia me agradeça.

Obamania (II).


Aquele casaco amarelo (nada discreto) é o da senhora primeira-dama, Michelle. Obama também lá está, embora não tão nítido. Nesta altura, a apoteose era já quase total, atingindo o clímax nos momentos imediatamente a seguir, em que o Presidente se voltou para saudar o bom povo norueguês, que tão ansiosa e pacientemente o aguardava. O Escrito na Pedra não perdeu a oportunidade e registou o momento (não muito bem mas registou).

Obamania (I).



Aqui ficam duas provas inequívocas da loucura que invadiu a pacata cidade de Oslo, neste dia 10 de Dezembro. Um dia igual a tantos outros, não fosse a ilustre visita de Barack Obama, e a perturbação ao quotidiano da cidade que ela acarreta. Obama não mexeu com Oslo, Obama acordou a sonolenta Oslo com um balde de água gelada a meio da noite. Cá para mim, a cidade não conhecia tanto rebuliço desde que os alemães nela entraram nos idos de 40. E mesmo assim não sei não.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Ian e Rob.



Quem já viu High Fidelity, de Stephen Frears, baseado no romance homónimo de Nick Hornby, recorda-se deste momento como nenhum outro. Ian (Tim Robbins) é o responsável por "roubar" a namorada de longa data de Rob (John Cusack). E esta é a forma como Rob (não) reage às provocações de Ian, a personificação de todas as misérias de Rob. Bem à imagem do filme, esta cena, ainda que desbocadamente cómica, ajuda a perspectivar os problemas sérios das relações humanas e o sempre delicado tema do amor de uma forma leve, desdramatizando-os. É como falar de assuntos sérios a brincar. High Fidelity, para além da fabulosa banda sonora, não é parco em momentos como este. Por isso mesmo, o melhor é apreciar e desfrutar deste delicioso filme do princípio ao fim.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Estocolmo.




A menos de uma hora de avião de Oslo, Estocolmo apresenta-se como uma solução de viagem mais acessível do que muitas regiões da Noruega, que se localizadas noutro país menos afortunado, estariam perigosamente em risco de esquecimento. Tal não acontece é certo, mas isso não torna uma hipotética deslocação às paragens setentrionais do país mais facilitada, já que as poucas horas de luz do dia que Oslo ainda consegue gozar, são um bem ainda mais raro lá em cima. E tendo em conta que a ambição não me deixaria viajar abaixo de Tromsø, creio que, nesta radical época do ano, fiz uma boa escolha ao optar pela bem mais meridional Estocolmo.

E a cidade não desilude, de facto. Estocolmo é uma visita curiosa e não deixa ninguém indiferente ao encontrar-se fragmentada entre pequenas ilhas. Esta divisão não faz Estocolmo parecer tão grande em terra quanto vista de cima. Só assim se pode ter uma ideia da dimensão da cidade, de resto bem maior do que Oslo. Por outro lado, há a diferença arquitectónica, bem patente no estilo dos edifícios históricos. Tal não é de admirar tendo em conta que, nos longos tempos que durou a união política entre os dois países, toda a nobreza - logo, todo o dinheiro - se encontrava na Suécia. Daí que Estocolmo se apresente, se assim se pode dizer, como uma cidade bem mais 'europeia' do que Oslo - ao passo que esta é mais genuinamente 'escandinava', com uma arquitectura e uma disposição urbanística mais sóbria, mais rectilínea e com menos ostentação. O Palácio Real é a prova mais clarividente desta diferença, e não é sequer comparável ao de Oslo, nem em tamanho, nem na ornamentação, nem na riqueza e faustosidade do interior.Diferenças nítidas também ao nível do rush citadino e do volume de trânsito, incomparavelmente maior do que em Oslo. A diferença de dimensão entre as duas cidades nota-se na vida artística e cultural de Estocolmo, com mais centros de arte, moderna e clássica do que Oslo, ainda que o gosto pelas artes seja comum e igualmente praticado por suecos e noruegueses.

Uma última palavra para a cidade velha, Gamla Stan, a mais atractiva de todas as ilhas que compõem a cidade e ponto turístico obrigatório em Estocolmo, especialmente para quem desde o início luta com imperativos de tempo e deixou ainda muito por ver. Tal não espanta, pois 14 ilhas diferentes não se percorrem num par de (meios) dias. Uma vez mais, e tal não me desagrada, ficaram motivos para voltar.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

As Palavras de Delors.

"If the European population want to leave a EU for their grandchildren that will be relatively well-off but without real influence on the world stage, that's their responsibility."

Delors, o histórico presidente da Comissão Europeia, faz a crítica inversa de muitos: o Tratado podia ter ido mais longe.

Jacques Delors, aqui.