Está finalmente lido. Tarefa cumprida. Propus-me, já há uns tempos (há demasiado talvez) a ler de fio a pavio Crime e Castigo. É preciso respeitar os clássicos, mesmo que a sonolência se torne numa inevitável constante ameaça à missão a nos propusemos: acabar o livro, dê por onde der.
Crime e Castigo é, obviamente, um clássico incontornável da literatura mundial. A história é grandiosa, repleta de episódios simbólicos e de mensagens morais. O drama de Ródion Romanóvich Raskolnikov é um drama psicológico profundo, e aparece como pano de fundo a todo o livro. Poderá um acto vil ser perdoado em prol de algo maior? A justiça deve ser sempre aplicada, mesmo tendo em conta circunstâncias muito especiais? O drama interior de Raskolnikov é tortuoso e chega, em alguns dos seus sonhos e devaneios, a ser aflitivo para o leitor.
Dostóievski tem aqui uma das suas maiores criações da sua fase matura enquanto escritor, e uma das mais emblemáticas. Crime e Castigo, não tendo um enredo rico, explora o interior de um personagem fascinante, na pessoa de um ex-estudante com problemas financeiros, inteligente, culto, prestável, mas com uma hierarquia de valores pouco convencional. Daí o acto de cometer um duplo assassinato em prol de um bem que considerava maior, e daí também o frenesim psicológico que o atormenta e que culmina numa abnegação total e defintiva no regaço de Sónia, a única mulher que amou e a sua salvação.
Está lido. E saboreado. Livros destes fazem-nos bem.
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