quarta-feira, 10 de março de 2010

a máquina de fazer espanhóis.


Da mera suposição à certeza distam apenas algumas páginas. Já várias por várias vezes lera e ouvira falar sobre valter hugo mãe, sempre bem, mas sem nunca ter tomado a iniciativa de ler atentamente qualquer uma das suas obras. Como as novidades são sempre as que mais ressaltam à vista, aí vai de mergulhar de cabeça neste a máquina de fazer espanhóis.
A história nada teria de extraordinário, não fosse toda a reflexão inesperada e aparentemente inócua que lhe é transversal, e que em última instância lhe dá substância e a torna maravilhosa. Esta a história de quem, já octogenário, se vê obrigado a enfrentar toda uma nova vivência após a a inesperada morte da mulher. O senhor silva, assim se chama o protagonista, é envolvido ainda que sem se aperceber num quotidiano que lhe mostra que a vida não acaba ali, e que permanece, mesmo no adiantar da vida, cheia de pequenas alegrias e surpresas.
O mais eloquente são sem dúvida as sucessivas reflexões interiores do senhor silva, como se por qualquer milagre científico fosse possível estar dentro do coração e da alma de alguém, e de sentir o pulsar de uma vida já com tantas décadas. a máquina de fazer espanhóis consegue ter esse raro dom literário de do velho fazer novo, de transformar algo simples e banal em algo com que se vibre, em que se reflicta e onde o que importa não é sentir alegria ou tristeza, mas simplesmente sentir.

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