quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sintomático.


Outra vez o velho problema. Numa altura em que já vigora o Tratado de Lisboa, ainda não existe articulação interna nem consenso sobre a aplicação prática das suas disposições. Nada que não se previsse já, mas o facto de Herman Van Rompuy não ter logrado sequer um breve encontro privado com Barack Obama na última Cimeira para a Segurança Nuclear, em Washington, demonstra que o caminho para uma sólida implementação do Tratado está mais longe do que o imaginado. Obama preferiu encontrar-se com Angela Merkel, a toda-poderosa chanceler alemã, que representa um estado, está claramente mandatada para tal, e "make things happen" se assim o entender. Tendo em conta o elevado sentido prático dos americanos, não admira nada que Obama prefira perder tempo com os trabalhos de casa da sua filha mais velha do que cinco minutos com Van Rompuy, que só resultariam em ofuscadas e torpes declarações comuns, e em muitos bocejos do lado de lá do Atlântico.
O acto não caiu bem em Bruxelas, mas é sintomático da incapacidade da UE retirar o devido potencial do Tratado que, com tamanha vontade política pelo meio, tanto pugnou por aprovar. Na altura, os sinais eram positivos, para logo se esbaterem perante a nomeação de um par de figuras "low profile" para os novos cargos. Mais do que as figuras e o seu papel, permanece uma incógnita se a UE a 27 saberá ou conseguirá fazer-se reger efectivamente pelas regras que nele constam, ou se o tempo ditará se foi dado um passo maior do que perna.

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