segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ainda há Muros 20 Anos Depois.



Para a geração da qual faço parte, o Muro de Berlim vem apenas nos livros de História. Muitos de nós nao se recordarão daquele dia 9 de Novembro de 1989, demasiado novos para nos apercebermos da importância do momento. Para as gerações mais velhas, que o puderam viver e saborear, o sentimento será outro. Para os povos da Europa central e de leste, mais do que para qualquer cidadão de um estado europeu periférico, a queda do Muro é um momento sem precedentes na História.
1989 foi o ano de todas as transformações, de todas as revoluções. O derrube do Muro significava nada menos do que o advento de uma nova ordem mundial, erigida sobre as ruínas de um gigante com pés de barro, o cadáver mumificado que Moscovo mantinha vivo a custos insuportáveis. A concretização do grito de Reagan demorou menos de nada.
Para a Europa, era o início de uma nova era. O precipitar dos acontecimentos na Europa de leste foram protagonizados por povos esclarecidos o suficiente para saberem que não mais os muros e as fronteiras de um continente poderiam continuar agrilhoadas à mercê de um qualquer politburo de uma capital estrangeira. Os acontecimentos da fronteira austro-húngara e da Polónia foram determinantes para a queda do Muro e, logo, para a reunificação da Alemanha e da Europa. Acreditava-se que a vontade estava do outro lado, e estava mesmo.
O Muro abriu caminho a uma renovada construção europeia, fez acelerar o processo de uma forma que nem os líderes mais optimistas previram. Abriu espaço a um período de fé e de esperança no futuro, que Maastricht materializou. Abriu também caminho ao alargamento, esse novo desígnio que conduziu as prioridades de Bruxelas durante os 15 anos seguintes e que ainda perdura, apesar de a etapa principal estar completa.
No entanto, 20 anos volvidos, ainda há muros nesta Europa. Cedo os Balcãs fizeram a Europa descer a terra, relembrando-lhe as suas muitas fraquezas e fragilidades. Recomposta, depois de corrigidos alguns erros e reconquistada a paz, falta estender a pacificação completa à região, de onde – felizmente porque é bom sinal – virão alguns dos próximos membros deste clube. Muros ainda perduram, mais a leste: entre outros, Lukashenko ainda é Presidente e a revigorada tenaz russa ainda prende os movimentos de Kiev.
Duas décadas depois de caído o Muro da Vergonha, é preciso olhar para trás e ver o que foi conquistado e o que ficou por fazer. Mais do que nunca, a Europa precisa de união e de ter dois motores a funcionar em simultâneo: um económico e um político. Cada um deles não faz sentido por si só. O grande desafio para os anos que se avizinham, agora que Lisboa vai entrar em vigor, está em provar a todo um continente que isto é possível. Haja a abertura de espírito necessária para esperar o melhor desta Europa unida. Lembremos 89 e derrubemos também esse Muro.

1 comentário:

olga disse...
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