segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Escárnio Educativo.


A Turma, de Laurent Cantet, é um filme atípico. Atípico porque baseado numa experiência de vida aparentemente próxima de cada um de nós, mas que é difícil engolir ao depararmo-nos com muitas das cenas aqui retratadas. E quando digo "cenas" não o faço referindo-me ao termo cinematográfico, mas a verdadeiros momentos de paródia pedagógica, uns "engolíveis", outros um pouco menos, e outros ainda incontornavelmente detestáveis.
Este não é, de modo nenhum, um filme fácil de ver. O espectador é atirado para o meio de uma combustão emocional chamada sala de aula, onde predomina a lei do mais forte. Esta é, aliás, a única lei que parece por vezes dar resultado. Embora diga-se que o elemento mais forte a que me refiro não é o professor. A partir daqui os dados estão lançados para um banquete de desordem selvática, que faz tremer até a mais empedernida das almas. É lançado um imodesto desafio ao sistema nervoso central do espectador, entre gritos, insultos, desobediências de vária ordem, expulsões e uma mochila na cara.
Amigavelmente falando, no fundo até estão ali bons miúdos coitados. Vai-se a ver e a culpa até nem é só deles. Mas tornam-se num obstáculo ruim de ultrapassar para todo o pobre docente que tenha a desmedida ambição de conservar uma quantidade suficiente de sanidade mental. Ser professor nos subúrbios de Paris não é, repito, não é, agradável para os "Bégaudeaus" dessa França (e desse Portugal) fora.
Contudo, para o bem e para o mal, é uma Palma de Ouro muito bem dada.

3 comentários:

Sílvia disse...

Oh meu pateta, desde quando é que sociologicamente falando é dizer que até estão ali bons meninos? Isso é um erro crasso... Ai, ai, ai!

João Gil disse...

Quem sou eu para argumentar com alguém cursada em Sociologia? Termo retirado:)
Empreguei o termo "sociologicamente" supondo que numa possível análise - agora sim - sociológica, iriam ser identificadas outro tipo de causas para o comportamento daqueles miudos. Mas é claro que tens razão, a ciência não é feita nem por suposições nem por opiniões e daí eu ter retirado a palavrinha a mais:))
Obrigado pela correcção:)

Sílvia disse...

Era exactamente nesse sentido! A tua frase foi meramente opinativa, entendes? Obrigada pela compreensão e pela correcção...doía-me mesmo ver aquilo ali! :)