(...)
Está claro
Que isso tudo
É desse pulha austero e raro
Que, em virtude de muito estudo,
E de outras feias coisas mais
É hoje presidente do conselho,
Chefe de internormas animais,
E astro de um estado novo muito velho.
Que quadra
Isso com qualquer espécie de graça?
Nada.
A Igreja Católica ladra
E a Maçonaria passa.
E eles todos a passar
Na vitória que os uniu
Neste nada que se viu,
Dizem, lá se conseguiu,
Para onde agora avançar?
Olhem, vão pró Salazar
Que é a puta que os pariu.
Em 1935, já com Salazar plenamente instalado em São Bento, havia um certo poeta bem conhecido de todos que vociferava contra o ditador beirão. Trata-se do caríssimo Pessoa, que nesses idos de 35 não parou de o achincalhar. O poeta até começou por receber bem o golpe do 28 de Maio, para não muito tempo depois se desgostar com o caminho seguido pelo regime, em especial pela escolha da figura do discreto professor para chefiar o governo.
Afinal, também os poetas se têm direito a chatear.
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