Escrevo estas linhas profundamente revoltado. Revoltado não só com o resultado do Vitória hoje, mas com aquilo que se passou dentro e fora do campo. Hoje, mais uma vez, o Vitória agachou-se perante um clube de Lisboa a quem nada deve. Uma vez mais, o Vitória deu provas de que não cresce e, pior do que isso, de que parece não querer crescer.
A história, triste para todos os adeptos vitorianos, conta-se em poucas linhas: Agosto; tarde amena e soalheira; primeiro jogo do Campeonato em casa; recepção a um clube que traz muitos adeptos; saudades de futebol. Condições reunidas para um bom e agradável espectáculo, com muita expectativa acerca daquilo que o Vitória pode e deve fazer na época desportiva recentemente começada.
Mas lamentavelmente nada disto aconteceu. Fora das quatro linhas, o Vitória cede duas parcelas das bancadas dos adeptos do Vitória a benfiquistas, para espanto e revolta generalizadas. Para piorar a afronta, foram destinadas as mesmas portas de adeptos aos senhores adeptos benfiquistas, como se do estádio deles se tratasse. Foi a maior vergonha que passei desde que sou associado do Vitória - e já lá vão uns bons anos. Não ao dinheiro a todo o custo, não à subserviência. O vexame só tem um e um único culpado. Esta direcção mais do que ninguém devia saber que as bancadas destinadas aos adeptos do Vitória são exactamente isso: bancadas destinadas aos adeptos do Vitória, e não são para serem vendidas a adeptos adversários a troco de mais uns euros extraordinários, sejam eles quais forem e quantos forem. Pessoalmente, não me importa rigorosamente nada se os benfiquistas à procura de um ingresso para o jogo sejam 5000, 50000, ou meio milhão. Existe uma bancada destinada ao clube visitante, e é essa bancada e não outra(s) que deve ser preenchida com adeptos de fora. Se são mais, temos muita pena, mas não entram.
Dentro das quatro linhas, outro espectáculo lamentável. Pobres daqueles que colocam os seus corações de adepto à mercê de Pedros Proenças e afins, que teimam em fazer de toda uma massa associativa meros berloques perante o poder que lhes é concedido para tomar decisões dentro de campo. Os Pedros Proenças e afins já perderam a vergonha toda. A inclinação do campo, nos dias que correm, já nem sequer é disfarçada. Um penalti para lá de duvidoso, faltas e mais faltas inexistentes e mergulhos em catadupa foram uma constante ao longo de todo o jogo, e acabaram por "oferecer" de bandeja uns imerecidos três pontos ao SLB. E por falar em três pontos, o lance do golo do SLB deve ir para o Watts da Eurosport desta semana. Não fosse eu um vitoriano possuidor de sistema nervoso central, e ter-me-ia rido à gargalhada com a tragicómica representação de Coentrão.
Vitória 0 - 1 Benfica (Marcadores: Pedro Proença 90').