segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Estendam a Passadeira e Protejam-se.



Cuidadinho. Mas muito cuidadinho mesmo. Eles não morreram. Eles andam aí e vêm dispostos a pôr a modéstia de lado. Os manos mais perigosos da Velha Albion voltaram às arrasadoras lides “rockeiras”, culminando um período no qual muita tinta correu sobre o seu anunciado e aguardado regresso. Como estará o som dos Oasis? Estará pouco reconhecível? Os Oasis deixaram de ser…Oasis? Voltarão aos tempos de Rock n’Roll Star? Não, nada disso.
Noel e Liam estão simplesmente a marimbar-se para rótulos. A música que lhes sai daqueles instrumentos é a que eles quiserem que saia, sem artifícios nem «corantes». À boa maneira Gallagher, quem quiser que ouça, quem não quiser não ouça. Quem achar que eles estão a fugir aos pergaminhos que vá dar uma volta ao bilhar grande, para não dizer pior.
Dig Out Your Soul sucede a um muito «morninho» Don’t Believe The Truth, e tendo em conta o que iam dizendo os manos, o que estaria para vir seria diferente. Diziam que não haveria hits, que não se admirariam se nenhuma das novas canções passasse na rádio. E de facto assim é (com a excepção da fabulosa The Shock of the Lightning). Mas não se apoquentem os mais cépticos. Dig Out Your Soul é um disco robusto, construído sobre sólidos alicerces. As quatro primeiras faixas são de fazer tremer as más-línguas, e colocarão um sorriso na cara aos mais desprevenidos. O álbum abre com Bag It Up, uma sumptuosa batida rock e segue com Turning, na minha opinião das melhores do disco. Elegante, belissimamente escrita ao melhor estilo dos Gallagher. Em Wainting for the Rapture já estamos a esfregar as mãos à espera de The Shock of the Lightning, mas apuramos e ouvido e deparamo-nos com uma enérgica guitarrada cheia de saborosas oscilações. Quanto ao “single”, é do melhor. Mais um hino que parece saído dos anos 90. Oasis clássico. Acreditem: só esta faz encher a barriga.
Depois do fartote, Dig Out… acalma. Só em Ain’t Got Nothin volta a haver barulho. Até lá, I’m Outta Time, (Get Off Your) Horse Lady e Falling Down são agradáveis «intrusos» cheios de pintarola. A primeira é um calmante para a alma que pede um fechar de olhos; a segunda pede um bater de pé para acompanhar o abrasivo ritmo imposto pela batida – tal como, diga-se, To Be Where There’s Life; já a terceira sobe de tom e é dominada por um som retorcido e misterioso – mais um exemplar de uma das veias criativas dos manos.
Para fechar em beleza, The Nature of Reality é uma marcha triunfal a rasgar tudo. Mais um dos momentos altos do álbum. Para fechar, um momento mais “cool”, talvez uma das facetas mais bem conseguias de Dig Out Your Soul. Soldier On é daquelas com que nos identificamos imediatamente e das que dá vontade de cantarolar baixinho.
E pronto. Eis Dig Out Your Soul, o melhor registo dos Oasis desde Morning Glory. Sentem-se melhorias em relação a Heathen Chemistry e a Don’t Believe the Truth. Neste está lá tudo. Tudo o que os Oasis podem fazer. Não estão descaracterizados, estão apenas uma década mais velhos. Mas desta vez deram um murro na mesa. Sejam bem regressados!
E agora com vossa licença, mas há uma certa The Shock of the Lightning para ouvir.



Oasis aqui na capa da Uncut de Stembro, o que atesta bem a atanção que imprensa da especialidade dedicou ao seu regresso. Menos não seria de esperar. Respeitinho é muito bonito.

3 comentários:

Rui Osório disse...

15 de Fevereiro, pavilhão Atlântico.

João Gil disse...

Obrigado Pantic pela info. Não sabia que eles vinham cá. Mas é muito bem saber!

Rui Osório disse...

De nada, sempre as ordens. Bom blogue continua.