quarta-feira, 18 de março de 2009

The Wrestler.


Se há algo que aparece clarividente aos olhos de qualquer um após no retrato intimista e indelevelmente humano de The Wrestler, é que Mickey Rourke está (aparentemente) de volta. Rourke tem uma interpretação genial, daquelas que colam imediatamente um actor a uma dada personagem. Rourke conseguiu isso, algo que está ao alcance de muito poucos.
Sendo verdade que The Wrester gira em torno da interpretação de Rourke, também não o é menos que o filme não se resume a isso. A vida atribulada de Randy “The Ram” Robinson – em certa medida análoga à vida real de Rourke – espelha os bastidores de uma actividade nem sempre olhada com respeito pela sociedade. Debaixo dos músculos e da encenação idílica dos combates há toda uma realidade muito particular; misto de companheirismo, de solidariedade, de angústia perante um futuro adiado aos poucos, e de um quotidiano marcado pelas mazelas físicas e psicológicas que vão sendo irreversivelmente sulcadas. Aronofsky mostra tudo isto de forma sóbria, sem floreados, adoptando uma postura que encaixa na perfeição com o tema tratado. O filme não precisa de mais, está tudo lá.
Não deixa também de ser curioso reparar na maneira como The Wrestler é capaz de incutir no espectador sentimentos tão contraditórios quanto passageiros: desde a empatia que a lealdade patente no mundo wrestler a espaços vai gerando, até às "facadinhas" emocionais advindas de momentos perniciosos como o intenso drama familiar vivido com a filha, ou como o tortuoso caminho percorrido até à conquista definitiva (?) do amor.
A par disto, The Wrestler traz consigo resquícios do que foi a cultura popular dos anos 80, pura mas ainda desconexa em muitos sentidos – a que o tema de Boss Springsteen vem acrescentar uma certa dose de ternura. Imperdível.

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