terça-feira, 19 de maio de 2009

Política Matreira.

Não gosto dos cartazes do Partido Socialista para as eleições europeias. A política não costuma ser um jogo sério e leal, mas estes cartazes denotam uma falta de seriedade acima daquilo que considero razoável. Não que o PS não seja um partido que tenha apoiado o projecto europeu, mas daí a aproveitar tudo quanto é momento de integração europeia em seu exclusivo proveito vai uma distância muito grande. Cada vez mais se fala em falar verdade aos portugueses, e cada vez se transmitem mensagens erróneas e deturpadas.
Foi durante o primeiro governo de Cavaco Silva que foi assinado e entrou em vigor o Acto Único Europeu. Foi durante o terceiro governo de Cavaco Silva que foi assinado e entrou em vigor o Tratado de Maastricht, que foi somente o passo mais importante desde os Tratados fundadores. Cavaco foi também o principal impulsionador da caminhada de Portugal rumo ao Euro - moedinha que Guterres faz questão de ter entre os dedos, reclamando os louros. Foi também durante um governo do PSD que foi assinada a defunta Constituição Europeia, da qual o Tratado de Lisboa - que Sócrates tão galantemente assina no cartaz - é maioritariamente originário.
Sei que a rectidão e a honestidade não fazem parte da política, mas também não era preciso chamar parvos aos portugueses que, enfim coitadinhos, como não lêem livros, engolem qualquer coisa que venha num cartaz colorido.

5 comentários:

Marco António disse...

Meu caro João Gil,
Compreendo a desilusão com esta espécie de política que por cá se faz. Mas parece-me um exagero dizer que "a rectidão e a honestidade não fazem parte da política", ainda que por cá esse cenário seja mais a regra do que a excepção. Efectivamente, os políticos portugueses estão ao nível do português típico: mal-educado, mal-formado, "chico-esperto", mais importante que todos os outros, desrespeitador de tudo e todos. Penso que tocas na questão fulcral deste (des)estado da nação ao referires-te aos portugueses como "coitadinhos [...] não lêem livros". A demagogia a que, implicitamente, fazes referência no texto, encontra tereno fértil para evolução numa sociedade de gente que mal sabe ler e escrever o próprio nome, quanto mais ler livros. Do que este país precisa mesmo é de um povo educado!

João Gil disse...

Talvez falte ali um "quase nunca" ou um "poucas vezes" na frase que referes, mas a ideia está lá. Os cartazes são um exemplo (por sinal ilustrativo) do que é a política neste país.

Joseph K. disse...

Eu, português não parvo, leio muitos livros e voto no Partido Socialista.

João Gil disse...

Ai lê? Então é uma excepção à regra...! Parabéns!

Joseph K. disse...

Obrigado !
Já somos duas. Excepções, claro !
E, assim de repente, vislumbro algo que as pode distinguir de uma forma inexorável: o Bilhete de Identidade colocou-nos à distância de 20 anos.
Vale o que vale mas é bem capaz de ter permitido mais algumas leiturazitas...
Sinceros parabéns por este seu espaço !

P.S.(por muito que o deseje, este aqui é mesmo o Scriptum, não o Socrático) : um mau começo pode ser bom prenúncio.