terça-feira, 2 de junho de 2009

Bobby (2006).


Este é um filme não do que foi, mas do que poderia ter sido. Bobby retrata o assassinato de Robert Kennedy, o irmão mais novo de John, também ele malogrado alguns anos antes. No filme de Emilio Estevez, a tragédia de RFK é a tragédia da América. É a tragédia de uma América que quer mas que não se consegue libertar dos fantasmas do passado. Bobby Kennedy juntava-se a Luther King, que naquele fatídico ano de 1968 morrera também.
Bobby debruça-se sobre os acontecimentos da noite de 5 de Junho de 1968 ocorridos no Hotel Ambassador em Los Angeles, local onde RFK celebrava a vitória nas primárias da Califórnia. Mas fá-lo de modo pouco convencional, a partir das vidas privadas de várias pessoas: dois ajudantes de cozinha, um par de namorados com casamento combinado para salvá-lo do Vietname, um ainda ternurento casal sénior, o gerente do hotel que engana a mulher, o jovem activista negro, dois reformados que jogam xadrez. Enfim, gente normal, gente como todos nós que acaba por partilhar uma infelicidade histórica e, juntos, chorar por ela. Todas estas personagens têm algo em comum; todos simbolizam algo, todos partilham a esperança em RFK, a todos RFK diz respeito, a todos poderia e deveria afectar.
Bobby pode saber a pouco. Ao vê-lo dá vontade de saber mais sobre aquele jovem Senador por Nova Iorque com cara de rapazinho que um dia quis salvar o seu país e o mundo. Mas Bobby é importante pela carga simbólica que lhe está inerente, pela forma virtuosa como caracteriza alguém que prometia, alguém que na consciência comum da América seria o homem certo no lugar, mas que nunca o chegou a ser. Um triste momento da história da América e do mundo que merece ser recordado pela demonstração da força das palavras e dos ideais. Mesmo daqueles que a perfídia não deixou progredir.

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