A partir de uma história verídica (quão bem sabem as histórias verídicas), O Pianista retrata a história de Wladyslaw Szpilman, pianista talentoso de uma das cidades mais martirizadas da II Guerra Mundial, Varsóvia. O filme conta a ziguezagueante vida de Szpilman por entre um mundo que colapsa à sua volta; por entre bombas, por entre a miséria humana, e por entre uma felicidade quase estratosférica que o acompanha em momentos cruciais.
A história do pianista é também de certo modo a história da cidade, senão mesmo da própria Polónia: traído, apanhado por uma guerra que pouco ou nada lhe diz respeito, indefeso face às circunstâncias. O Pianista é, portanto, a fatalidade de um homem e do seu país, forçados a vergarem-se à mais dura das tarefas em tempo de guerra, a sobrevivência. Através dos seu olhos, o filme testemunha a derrocada do povo judeu na Polónia, da sua redução a quase nada, do seu destino trágico e, finalmente, do recuperar de uma dignidade afinal de contas nunca beliscada.
Por tudo isto, O Pianista é um documento histórico. Não julga nada nem ninguém. Relata os factos à distância do olhar de Szpilman, mais do que suficiente para não acometer o espectador a dados quaisquer ilusórios, fazendo-o abrir um autêntico livro de História. A veracidade dos acontecimentos assim o dita, e seria pernicioso apontar fosse o que fosse à abordagem seguida por Polanski, afinal tão real e singela como a música de Chopin que instigou Szpilman a viver.
O Pianista é, até hoje, uma das súmulas por excelência da tragédia que se abateu sobre um povo há 60 anos atrás em plena Europa civilizada. Sem subterfúgios, sem aditivos, O Pianista conjuga primorosas interpretações com a triste carga dramática do momento.
Sem comentários:
Enviar um comentário