quarta-feira, 1 de abril de 2009

O Grupo dos Vinte.


A cimeira do G-20, que amanhã dia 2 começa em Londres, pode muito bem ser a reunião de líderes mundiais mais relevante do ano. Vários actores de primeira proa do sistema internacional levam na bagagem propostas para reformular o sistema financeiro mundial. Infelizmente, muitas delas são pouco ou nada coincidentes entre si. A reunião do G-20 pode ser a alavanca necessária para um real e duradouro entendimento à escala global, ou pode saldar-se num dos maiores fiascos que há memória.
A ténue fronteira entre o sucesso e o fracasso da cimeira advém da diferença de opiniões e de estratégias a seguir para o combate à actual crise, defendidas pelos actores envolvidos. Os EUA têm apostado num plano de injecção de capital na economia, ao contrário do defendido pela Rússia e pela União Europeia. Mesmo assim, economistas como Paul Krugman dizem que os montantes em causa não são ainda suficientes. Pelo meio, a presidência do Conselho da União chegou mesmo a acusar os EUA de estarem a acalentar um novo proteccionismo. Rússia e UE insistem na prioridade a dar à reforma das maiores instituições financeiras mundiais, tais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional.
A chave para uma abertura no diálogo pode residir no papel negocial da Grã-Bretanha, que se declarou abertamente empenhada em construir um consenso alargado e de ser o motor do mesmo. Londres propõe, entre outras medidas, a criação de uma nova instituição financeira global que detecte preventivamente os riscos de ocorrência de novas crises.
Não é menos verdade, contudo, que desenhar um novo New Deal parece hoje tarefa bem mais complicada. A solução conjunta para grandes problemas globais é facilitada pela existência de lideranças fortes, carismáticas e que sejam capazes de emanar confiança aos restantes agentes sociais. O panorama contemporâneo, a esse nível, não é satisfatório. É hoje mais difícil aglutinar interesses no seio das lideranças políticas, muitas vezes por culpa própria. Obama, Medvedev e Sarkozy são líderes jovens, mas com muito ainda para trilhar. A estrada continua sinuosa e cheia de obstáculos.

2 comentários:

Cauê Mendonça Cardoso disse...

Um fortalecimento de antigas instituições com o acréscimo de uma linha curiosa de pensamento: "Não esperem demais dos EUA, todos precisam fazer a sua parte." (rs).
O tradicional que jamais foi imparcial busca novas soluções com teses mais "democráticas"? Inexperiência de novos líderes ou novas brechas sistêmicas? O que fazer? O que pensar? (rs)

Gostei do seu blog, espero que não se importe de acompanha-lo. Alguns amigos e eu fizemos também um Blog sobre RI, além de possuir um próprio. Por isso encontrei o seu por interesses em comum. Parabéns pelo trabalho, escrever sobre o relevante sempre deve ser apreciado. Mesmo que a manipulação dos conceitos varie demasiadamente sobre o que é relevante ou não, nos dias e nas correntes atuais.

João Gil disse...

O Brasil está muito bem referenciado aqui em Portugal em termos de Relações Internacionias. Pelo que sei tem universidades de topo na área. É bom ser seguido do outro lado do Atlântico. Espero trocar mais impressões no futuro.