terça-feira, 28 de julho de 2009

Momentos Para Sempre.


O cinema é uma arte propiciadora de momentos únicos, daqueles que se recorda quando vamos na rua; quando estamos sentados num banco de jardim; quando damos voltas na cama e esperamos que o sono chegue; quando atravessamos uma longa recta na autoestrada; enfim, sempre que à mente se lhe propicie a evasão, e sempre que à evasão corresponda o intrépido e sempre presente instinto de recordar 'aquela' cena, 'aquela frase' ou 'aquela' sequência. Não importa se são momentos de choque, de terror, de comédia, de suspense, de adrenalina, de espanto, de enternecimento, de repúdio, de revolta ou da mais pura satisfação. Importa sim honrar a memória do cinema e dos momentos que, cinéfila e emocionalmente falando, são inesquecíveis pela arte e pelo génio que encerram.
Vale a pena vasculhar o baú, vale a pena perder tempo a perscrutar onde foi que o cinema atingiu o auge da criatividade e da beleza. Faz bem saborear, mesmo estranhando à primeira, o que de melhor trazem os filmes: seja o "Heeeere's Johnny" de Nicholson, o "I love the smell of napalm in the morning", o (primeiro) "Bond, James Bond", ou o tiroteiro na escadaria de Odessa do fabuloso Couraçado Potemkin. Não importam os momentos. O mais importante mesmo é recordar e, com isso, aprender.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Vitória 09/10.


A propósito da apresentação dos novos equipamentos do Vitória, é sempre curioso saber o que deles pensam os estrangeiros visitantes deste site. As reacções não são más no geral, sendo que a maior parte parece gostar da indumentária vitoriana para a época futebolística que se avizinha.
Curioso também é o facto de alguém se mostrar surpreendido por Matthew McConaughey (ou por outras palavras, Jorge Gonçalves) jogar no Vitória. Engraçado.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Efeito Borboleta - Aventura na Quinta.


AVENTURA NA QUINTA 2009 Sábado 25 Julho@Quinta Creixomil, Guimarães
Temperaturas a subir, dias de sol, noites abrasivas.... Corpos a pedir agitação, frescura e aventura. Nada melhor que uma festa divertida... um cenário natural, onde convívio, conforto e cor se fundem com música de vanguarda. Uma festa sem estilo definido, salpicada pelos sons calmos e dançáveis do house, mergulhos nas texturas submersas do minimal, o calor abrasivo do electro, a explosão rítmica do drum n..bass... tudo misturado num cocktail multicolorido e intenso, capaz de libertar até as almas mais tímidas...Bem-vindos à Quinta!!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Incongruências.

Não existe, neste país, uma consciência crítica bem definida acerca da política externa portuguesa, ao contrário do que acontece em países como os EUA, o Reino Unido e até mesmo o Brasil.
Veja-se o caso do apoio directo estrangeiro atribuído pelo Estado português: mais de 50% do apoio directo é concedido a Angola, um dos países mais ricos de África e de longe o mais rico de todos os PALOP. Acontece que Angola é também um dos países com pior desempenho em termos de governance do mundo. Angola só recentemente melhorou um pouco a sua posição no ranking da Transparency.org, e está actualmente na 158ª posição, mesmo assim bem atrás de Moçambique.
Entre 2003 e 2005, Angola recebeu quase 60% do apoio dado por Portugal, enquanto Moçambique, citado apenas como exemplo, que tem mais população e melhores indicadores internacionais, recebeu apenas 5% do total dessa mesma ajuda.
Falta massa crítica para pensar a nossa política externa, faltam plataformas para a sua discussão, falta que a sociedade civil no geral ganhe consciência do rumo e das prioridades que ela assume.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

BPN e Afins.

Os sucessivos casos que nos últimos tempos têm feito correr tinta na imprensa nacional espelham o modo como num país como Portugal a observância de princípios como a igualdade, legalidade, moralidade e justiça estão ainda muito aquém do desejado. Aquilo que parecem palavras ocas, porventura já gastas de tanto nelas se insistir, são hoje mais do que nunca necessárias. Não importa se tal pareça repetitivo, ou até mesmo démodé. Clamar por justiça, por transparência nos actos públicos; seja na administração pública, na banca, nas empresas, é a mesmo coisa que defender a democracia, que defender o poder de todos nós. Sim, esse mesmo, o poder de quem elege.
Vêm estas palavras a propósito do texto de opinião que Mário Crespo escreve hoje no JN, e na qual é peremptório em apontar o dedo a quem teve (e que infelizmente continua a ter) responsabilidades no meio da calamidade que foi o escândalo BPN, mais um no sem-número de casos inacreditáveis que têm vindo à tona, demonstrando a imundície que vai no seio da alta finança em Portugal. Assertivo e recto no que escreve, faço minhas as palavras de MC. Há muito que não lia algo tão escorreito.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Death of a President (2006).


Morte de um Presidente, mockumentary (logo não é Michael Moore) que chocou meia América em finais de 2006, mas que só estreou em Portugal em 2008, mostra o cenário hipotético do assassinato do à data Presidente dos EUA, George W. Bush.
Cenários hipotéticos não são novos em cinema nem nas artes em geral, mas quando a figura central é o presidente dos EUA, os ecos da ideia são redobradamente repercutidos. Morte de um Presidente parece não ter um objectivo concreto e, mesmo do alto do seu despretensiosismo, parece não levar o espectador a nada mais do que a hora e meia de interrogações, que variarão muito consoante a opinião de cada um tenho do hipoteticamente assassinado Presidente.
No seguimento do assassinato no Sheraton de Chicago, o vice Dick Cheney sucede a Bush perante uma América em choque e altamente envolvida na caça ao responsável pelo acto. O que inicialmente parecia estar ligado aos exaltados manifestantes que durante todo o dia e noite mostraram a sua raiva contra a figura de Bush, cedo resvala para Jamal Abu Zikri, um sírio que estivera no Paquistão e que alegadamente recebera treino nos campos da Al-Qaeda no Afeganistão. Após a sua condenação, fortemente influenciada por motivos políticos, dá-se a descoberta do verdadeiro responsável por alvejar mortalmente Bush, um afro-americano veterano da guerra do Golfo, que via a segunda guerra do Iraque como injusta e procurava vingar os danos que a sua família sofrera por causa dela.
Morte de Presidente é um filme parco em ideias, e tremendamente previsível. Aquilo que lhe está subjacente - o preconceito contra os muçulmanos depois do 11 de Setembro - poderia ter sido mostrado de muitas outras formas, qualquer delas provavelmente de uma maneira muito melhor do que através de um mero cenário hipotético, que não leva a muito mais do que a sorrisos maliciosos por parte dos (muitos) opositores e detractores de Bush.
O que seria porventura um exercício arrojado e ambicioso, acaba por redundar num vazio imenso e em algo frágil que não diz muito nem a quem não gosta(va) de Bush nem a quem o apoia(va), já que uns provavelmente não se reverão nas atitudes selváticas dos manifestantes, ao passo que os segundos sentir-se-ão tremendamente ofendidos, como aliás se verificou.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Das Verdadeiras Divisões na UE.


O rumo da UE é, já se sabe, fruto do consenso interestadual e da intersecção de interesses dispersos e não raras vezes sensíveis. A posição dos Estados-membros sobre determinada questão é, não pode deixar de ser, o reflexo de um poder independente e internacionalmente reconhecido, ao qual se dá o nome de soberania. Contudo, o enunciado intergovernamental não chega para explicar a génese e a direcção do processo de integração. A UE não é, hoje em dia, um mero agrupamento de Estados nacionais soberanos. A soberania é, nas relações internacionais contemporâneas, um conceito poroso e bastante mais diluído do que o engendrado por Bodin no longínquo século XVI. Mas o que define realmente o rumo da integração europeia, se o enunciado supranacional também apresenta limitações, desde logo pela dificuldade em justificar, por exemplo, a existência de um segundo pilar?
A explicação pode residir nas divisões históricas que têm como protagonistas os mais poderosos Estados europeus, a França e o Reino Unido.
A primeira tem a ver com uma divisão de natureza económica, entre o ‘laissez-faire’ britânico e o dirigismo francês; divisão esta que, historicamente, espelha o desencontro entre uma visão liberal da economia, aberta ao exterior e baseada nos privados; e uma visão estatocêntrica, baseada na percepção de que a Europa deve estar o mais protegida possível face à concorrência exterior, e que deve ser o sector público o principal promotor do desenvolvimento económico.
A segunda, por seu lado, aparece relacionada com a diferente perspectiva que ambos os países têm (hoje mais esbatida) do processo de formação e de desenvolvimento de uma política externa e de segurança comum. De um lado, a perspectiva eminentemente continentalista de Paris, que lateraliza a OTAN; e uma perspectiva atlanticista encabeçada por Londres, que não anui a uma UE com capacidades autónomas da OTAN, a não ser em cenários onde esta não mantenha a intenção de intervir. A dicotomia franco-britânica relativamente a uma política externa e de segurança está na base da pouca integração europeia nestas áreas (política externa, segurança, e defesa), pelo menos quando levada a termo de comparação com outras onde o processo se encontra num patamar bastante mais dinâmico.
Estas divergências, globalmente consideradas, desembocam numa conclusão sobre a problemática do desequilíbrio do processo de integração, que é de certo modo alternativa à simples (ou simplista) referência ao poder dos Estados e à prevalência do seu interesse nacional. Deste modo, pelas divergências de base entre a França e o Reino Unido se pode depreender que as condicionantes ao processo de integração são extensíveis ao domínio económico e político por via não do desacordo entre todos os Estados da UE, mas pelo desacordo entre dois dos seus membros – tendo ambos tendência para liderar o processo. Como consequência directa deste facto há a destacar a amplamente reconhecida imperfeição do Mercado Interno, bem como as sobejamente conhecidas limitações da UE em ter uma voz política una e assertiva na arena internacional. O Mercado Interno e a política externa são áreas-chave para o sucesso de integração europeia, e é nelas que mais se manifesta o desacordo protagonizado por Paris e Londres, a partir da defesa de princípios de base distintos.
É, pois, nos Estados que servem de veículo transmissor das suas posições que reside o verdadeiro poder de influenciar o processo. Do desequilíbrio de poder entre os Estados-membros resulta um desequilíbrio proporcional no avanço sectorial do processo de integração.
Interessante.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Impasses em Ano Crucial.


Estocolmo assume hoje a Presidência do Conselho da UE. Fá-lo numa altura em que a UE se encontra numa verdadeira encruzilhada institucional, uma espécie de limbo político em que nada se afigura como certo. Incerteza é, neste momento, a palavra que melhor define a hora actual da UE. Até Dezembro, muito ficará decidido. Mas por enquanto o cenário é ainda de incerteza, embora haja assuntos mais incertos do que outros.
Por um lado, há a entrada em funções de um novo Parlamento Europeu, que por si só já acarreta constrangimentos vários, e cuja primeira tarefa será a de se pronunciar sobre o nome do Presidente da Comissão. A Presidência sueca terá de lutar para que isso seja feito já em Julho em vez de no Outono, como é pretendido por alguns.
Por outro lado, a Presidência sueca terá um papel fundamental na continuação dos esforços levados a cabo pela UE com vista à obtenção de um acordo global favorável pós-Kyoto, para o qual a cimeira de Copenhaga em Dezembro poderá desempenhar um papel fundamental. A política ambiental da UE sofreu um revés durante Presidência checa, após o vigor inculcado pela Presidência francesa do último semestre de 2008. A ideia, de reduzir os gases com efeito de estufa no espaço da UE em 20% até 2020, enfraqueceu devido à crise económica e financeira internacional - diga-se, outra das grandes preocupações suecas.
Finalmente, a Presidência terá ainda de contar com a aprovação ainda dúbia do Tratado de Lisboa no referendo irlandês de Outubro que, em caso de rejeição, pode abrir uma nova crise política e institucional no seio dos vinte e sete.
Muito por fazer, muito que esperar. 2009, está confirmado, é definitivamente um ano de transição e de viragem para a UE.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Cidade Paladina da Modernidade.


Ainda dizem que Guimarães não é uma cidade com piada. Que mais pode um transeunte querer durante um passeio do que cruzar-se com duas maravilhas publicitárias, diferentes é certo, mas ambas contendo uma satisfatória dose de comicidade. Honra seja feita aos esforços para tornar Guimarães numa cidade atractiva para quem a visita e, porque não, para nós mesmos vimaranenses.
Nesta cidade há muito talento escondido. Não é toda a gente que consegue socorrer-se de uma figura tão distante como a do Presidente dos Estados Unidos para potenciar o seu negócio; e não é certamente todo o comerciante que é capaz de brincar com a língua inglesa qual Ronaldo com uma bola, de modo a conferir-lhe um tom mais...como dizer? Nacional?
Com talentos desta natureza qualquer passeio se torna uma fantástica experiência. Depois de pérolas como estas, a CEC para nós é uma brincadeira de meninos.

domingo, 28 de junho de 2009

Michael Jackson (1958-2009).



Morreu o maior.
Este homem foi um dos maiores visionários do mundo da música. Tinha um talento absolutamente inimitável, e influenciou decisivamente um sem-número de músicos que lhe seguiram. A música, tal como a conhecemos hoje, não seria a mesma sem Michael Jackson, sem a sua genialidade e sem o seu carisma. Michael é, e será sempre, único.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Vitória no Limbo.


E pronto. Cajuda já não é treinador do Vitória. Depois de duas épocas e meia com mais altos do que baixos, Cajuda vai rumar a outras paragens. Vistas as coisas de fora, não é fácil saber de quem é culpa deste desenlace. Será de Cajuda? Ele que retirou o VSC do fosso tenebroso onde se encontrava? Ou será da direcção? Sim, essa que tem dado mostras de alguma (ou bastante) incompetência em vários actos de gestão?O que é inegável, no meio de tudo isto, é que o maior perdedor não é Manuel Cajuda nem nenhum dos elementos da Direcção, mas o Clube e os seus adeptos.
O azedume ensurdedecedor dos últimos tempos é a prova de que este Clube continua sem gente à altura dos seus pergaminhos: a mínima discordância, o mínimo sinal de discórdia, tudo vem a público, tudo se sabe e é dissecado por tudo e todos. Todos podem dizer alarvidades quando batem com a porta; contratam-se assessores de comunicação que passado pouco tempo vão embora; vendem-se jogadores por tuta e meia, substituídos por outros que não valem metade. Enfim, a lista é assustadoramente grande.
Não sei se Cajauda tem razão. Se a tiver, é certo não é nos jornais que a pode manifestar. Mas e esta direcção, que não tem mão nos seus próprios elementos (leia-se Almeida/Xavier)? Estará o Clube a ser anarquicamente gerido? Tantos erros são ou não são incompetência?
Cajuda fez um bom trabalho no Vitória? Facto. Cajuda errou? Facto. Cajuda foi bem mandado embora? Duvido. Duvido muito mesmo. O que me parece é que com boa vontade de ambos os lados as coisas se podiam resolver. Pessoalmente, gostava de ver Cajuda terminar o contrato. Só se pode pedir responsabilidade a alguém se a esse alguém forem dadas condições para trabalhar.
Creio que o Presidente anda a disfarçar a sua situação de fragilidade ao tomar esta abrupta posição de força contra Cajuda. Posição de força essa dirigida na direcção errada, e que deveria sim ter sido dirigida, isso sim, para a formação de uma Direcção capaz, coesa, unida, e que remasse toda para o mesmo lado. Precisamente aquilo que o Vitória, neste momento, não tem.
O tempo dirá quais os custos reais deste desnorte. Começa mal a época.

domingo, 21 de junho de 2009

"Funny How??"

Mais uma memorável cena da sétima arte. Em Goodfellas, o ultra-idolatrado filme de Martin Scorsese, Joe Pesci dá corpo a um mafioso sui generis que além de um inato talento para o alheio e para despachar quem se atravessa no caminho, tem também o dom da comédia. Numa mesa recheada de wiseguys, Pesci protagoniza dos monólogos mais marcantes a que já assisti, repleto de humor negro e de uma visão despreocupadamente retorcida da vida, bem ao estilo gangster.
Pesci faz um grande papel em Goodfellas, provavelmente o melhor de uma carreira que, diga-se, também não viria a conhecer dias muito melhores. Mas por Goodfellas, Pesci receberia o Óscar de Melhor Actor Secundário, um galardão bem merecido após tão tragicómica e hilariante interpretação. Pesci é o sal do filme, e é dono e senhor do seu melhor momento.
A recordar:


sábado, 20 de junho de 2009

Como?

In Russia, the optimists learn English; the pessimists learn Chinese and the realists learn to operate a Kalashnikov.

Dmitri Rogozin, Russia's ambassador to NATO

sexta-feira, 19 de junho de 2009

What About a Regime Change in Pyongyang?


North Korea is a tough regime to change. Some even affirm it is unchangeable by traditional means. The belligerent behaviour of North Korea is a direct result of the draconian thought and craziness of the regime’s highest leadership. Pyongyang cannot be trusted by the West nor by any of its neighbours.
The best strategy to overthrow the Stalinist-type regime is not, as many would wonder, a conventional war or rough sanctions. The best way to initiate a regime change is from inside. If North Koreans could have access to information from the outside, the regime wouldn’t be able to hold itself in power for much longer. Information about the prosperity and development of their southern neighbours would certainly be an excellent conductor of gradual resentment, and pave the way for a large-scale revolt.
Encouraging students (even if only the well-heeled ones) to study abroad would be a good starting point. Receiving western education and contacting with western culture and freedoms would for sure function as a powerful weapon against the regime.
History has proved how dictatorships suffer the destabilizing effects of having nationals who disseminate new ideas and values into a closed society. Soviet Union is a good example and North Korea could easily become the most recent one.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Reptilia (2003).

Reptilia é uma das canções mais espectaculares dos The Strokes, banda que fez cair o queixo a meio mundo aquando da estreia com Is This It. Não deixa de ser curioso que praticamente todas as referências a Room on Fire - o magnífico registo onde se inclui Reptilia - não lhe faz o devido jus. Não quero pois de deixar de reparar tal indelicadeza deixando aqui a devida vénia a um dos grandes riffs dos últimos anos.
Reptilia é sempre a dar-lhe, não pára. Aqui não há pausas para Kit Kat. Só se pára no fim, quando os ouvidos ainda não se habituaram ao silêncio e quando os neurónios deixam com dificuldade de reflctir em como foi possível aquela transição...Reptilia é uma injustiçada.
Aqui fica uma das versões ao vivo, embora recomende vivamente outro tipo de audição.


quarta-feira, 10 de junho de 2009

Coreto Vivo.


No próximo dia 12, sexta-feira, o coreto da Alameda será alvo de uma bem precisada reanimação. A louvável iniciativa partiu da Associação Efeito Borboleta, e a festa está garantida. Mais informação, aqui e aqui.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Devaneios Sovié...Perdão, Russos.

O conceito de "democracia musculada" na Rússia parece estar a servir-se do seu carácter ambíguo e descomprometido para reescrever alguns dados históricos até hoje tomados como comprovados e irrevogáveis. A estratégia do estado russo passa agora por limpar a imagem do país aos olhos dos seus cidadãos e, pior, aos olhos dos povos vizinhos e da comunidade internacional em geral.
Os sinais têm sido muitos e quase ininterruptos nestes últimos tempos, especialmente desde o segundo mandato de Putin, tendo sido reforçados no primeiro ano da era Medvedev. Mas o último devaneio russo não pode passar sem um pouco de publicidade. Segundo um historiador militar, a culpa do desencadear da II Guerra Mundial não foi da Alemanha militarista mas da...Polónia. Claro! Os alemães sempre foram um povo brincalhão, autênticos arautos do pacifismo. Já os polacos...humm...esses nunca enganaram ninguém.
Por este raciocínio, podemos esperar a breve trecho exigências territoriais russas à Ucrânia, à Estónia, à Bielorrússia, à Geórgia (ah sim aí o assunto já está resolvido), à Finlândia, etc. E que se cuidem os americanos: estão a ver aquele bairro nova-iorquino cheio de russos? Pois é. Também faz parte da santa Mãe-Rússia. Há lá russos! Um dia a Rússia vai reclamar isso como enclave.
Enfim, seria bom que alguns russos não escrevessem depois do almoço. Não todos. Alguns.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Viragem à Direita.


As eleições para o Parlamento Europeu, apesar de terem sido as menos participadas de sempre, demonstram uma viragem à direita no eleitorado. Os dados são claros: a direita venceu nos maiores países europeus, com as seguintes margens aproximadas: em Itália por 8%, em Espanha por 5%, em França por 11%, na Polónia por 15%, na Holanda por 3%, em Portugal por 5%, na Áustria por 6%, na Alemanha por 10%, na República Checa por 9%, na Bulgária por 7%, na Finlândia por 4%, na Hungria, por 40%(!), na Eslovénia por 9%, na Lituânia por 7%. A direita ganhou ainda em países como a Bélgica, Irlanda, Letónia, Chipre e Luxemburgo. Por seu lado, a esquerda venceu na Dinamarca, na Grécia, na Suécia, na Eslováquia, em Malta.
Já no Reino Unido, espera-se que os Conservadores obtenham uma vitória no mínimo folgada, sendo que o British National Party elegeu pelo primeira vez um deputado ao PE, com hipóteses de eleger um segundo.
O espectro político europeu, na sua globalidade, virou portanto à direita. Conservadora ou não, mais ou menos radical, os europeus votaram de forma mais ou menos uniforme no centro-direita. Atenda-se também ao facto de que mesmo a extrema-direita não recuou, sendo que em vários países viu a sua votação aumentar exponencialmente, tal como aconteceu no Reino Unido, Áustria, Holanda e Hungria.
Quem recua significativamente é o grupo político dos socialistas europeus (PES), em cerca de 6% na globalidade. Parece ter residido aqui a derrota da esquerda. Em importantes países europeus como Espanha, Reino Unido, França e Alemanha não só a direita manteve a votação como ganhou margem à esquerda. Para tal, a acentuada crise em Espanha e os escândalos no Reino Unido podem ter sido uma das principais explicações para a perda de votos do centro-esquerda.
Crise económica, imigração, corrupção, desemprego, inflação, criminalidade e fiscalidade - com especial incidência para as duas primeiras - são apontadas como outros dos principais motivos para estes resultados. Perante estes problemas, os eleitores parecem inclinar-se para soluções à direita, e não à esquerda.
Refira-se por fim que grande parte dos representados no grupo político dos não-inscritos são formações de extrema-direita nacionalista.
A Europa virou à direita. Perigosamente?

sábado, 6 de junho de 2009

UE: Um Projecto de Paz.


No intervalo temporal entre 4 e 7 deste mês, em que os cidadãos dos 27 Estados-membros são chamados a pronunciarem-se sobre a composição do novo Parlamento Europeu, dois dados importantes são já conhecidos e plenamente previsíveis: a abstenção rondará os 60% e a subida de alguns partidos radicais promete alargar a discussão sobre o caminho até aqui calcorreado pela UE.
Muitos anunciarão o princípio da derrocada do projecto europeu, outros a necessidade de alteração do método comunitário, outros ainda a necessidade de maior aprofundamento institucional - para o qual a aprovação do Tratado de Lisboa seria um passo fundamental. Todas estas leituras terão o seu fundamento, todas elas por certo poderiam ser eficazmente argumentadas.
Mas há algo que nenhum europeu poderia ou deveria esquecer: a União Europeia é hoje um modelo ímpar de integração à escala mundial, é um projecto que garantiu a paz entre os seus membros desde a II Guerra Mundial. Fez da coesão económica e social do continente uma prioridade. Garantiu uma moeda única. Concebeu um mercado interno que permite uma estabilidade das trocas comerciais nunca dantes conseguida. A UE é o maior dador de ajuda externa do mundo. É hoje um desígnio para muitos estados europeus ainda não-membros, e a garantia última da consolidação das suas democracias. A UE tem estacionadas em países externos missões civis e militares destinadas ao statebuiding e à sua estabilização. A UE está na linha da frente do combate global às alterações climáticas. É um modelo copiado por várias outras organizações regionais, como a ASEAN, o Mercosul e a União Africana. Mais poderia ser dito.
Por estas e por outras razões, é preciso não esquecer os méritos daquela que foi a maior conquista dos europeus no último século: a união segundo valores comuns e a paz. Num mundo cada vez mais perigoso, isto é fundamental. A UE é imperfeita, paradoxal até. Mas porque nem tudo pode ser exigível à UE, amanhã, dia 7, não ignore este projecto e vote.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Bobby (2006).


Este é um filme não do que foi, mas do que poderia ter sido. Bobby retrata o assassinato de Robert Kennedy, o irmão mais novo de John, também ele malogrado alguns anos antes. No filme de Emilio Estevez, a tragédia de RFK é a tragédia da América. É a tragédia de uma América que quer mas que não se consegue libertar dos fantasmas do passado. Bobby Kennedy juntava-se a Luther King, que naquele fatídico ano de 1968 morrera também.
Bobby debruça-se sobre os acontecimentos da noite de 5 de Junho de 1968 ocorridos no Hotel Ambassador em Los Angeles, local onde RFK celebrava a vitória nas primárias da Califórnia. Mas fá-lo de modo pouco convencional, a partir das vidas privadas de várias pessoas: dois ajudantes de cozinha, um par de namorados com casamento combinado para salvá-lo do Vietname, um ainda ternurento casal sénior, o gerente do hotel que engana a mulher, o jovem activista negro, dois reformados que jogam xadrez. Enfim, gente normal, gente como todos nós que acaba por partilhar uma infelicidade histórica e, juntos, chorar por ela. Todas estas personagens têm algo em comum; todos simbolizam algo, todos partilham a esperança em RFK, a todos RFK diz respeito, a todos poderia e deveria afectar.
Bobby pode saber a pouco. Ao vê-lo dá vontade de saber mais sobre aquele jovem Senador por Nova Iorque com cara de rapazinho que um dia quis salvar o seu país e o mundo. Mas Bobby é importante pela carga simbólica que lhe está inerente, pela forma virtuosa como caracteriza alguém que prometia, alguém que na consciência comum da América seria o homem certo no lugar, mas que nunca o chegou a ser. Um triste momento da história da América e do mundo que merece ser recordado pela demonstração da força das palavras e dos ideais. Mesmo daqueles que a perfídia não deixou progredir.